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sexta-feira, 13 de maio de 2016

A política e o preconceito linguístico



A política e o preconceito linguístico
Na última semana, presenciei duas situações em que pessoas (uma delas formada em Letras) associavam a variação linguística a um "baixo nível de exigência" nas escolas. Segundo elas, na escola, principalmente a pública, os professores não ensinariam a "correta" colocação dos pronomes e seria por isso que, em nosso uso, usamos somente a próclise.
Primeiramente, acredito que todos que estiverem aqui lendo devem lembrar da professora de português na escola ensinando a próclise, a ênclise e até a mesóclise. Acredito também que todos lembram que precisaram aprender isso ou, ao menos, decorar. O fato de usarmos a próclise não quer dizer que não tenhamos estudado; pasmem: o português brasileiro é assim.
E o que isso tem a ver com nosso momento político atual? Bom, muita gente tem ódio de Dilma porque ela não falaria o "bom português": falam sobre "presidenta" e, agora, no Globo News, a jornalista foi analisar tudo o que está acontecendo e disse que o presidente em exercício "é um homem muito formal", e "usa mesóclise", deixando subentendida a comparação com Dilma.
Aceitem que a nossa língua é assim. Se não acreditam em mim, procurem o que alguns linguistas, como Marcos Bagno, falam sobre isso. O uso apenas da próclise não é único das camadas populares; todos nós falamos assim no dia-a-dia, mesmo alunos dos melhores colégios particulares do país. Só utilizamos ênclise na escrita e em situações formais. Mesóclise, então, apenas um conservador frio e calculista como Temer para utilizar em pleno 2016 em terras tupiniquins. Como disse uma vez a querida professora Suely Shibao: "língua é prestígio".

Por Alessandra Zager

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