"Liberdade não é a ausencia de compromissos, mas a capacidade de escolher sua tarefa"

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Shaná Tová










O que é o Rosh ha Shaná?
Rosh há Shaná (literalmente “Cabeça do Ano”, em Hebraico), é o Ano Novo pelo calendário judaico. Em 2011, ele terá início na noite do dia 28 de setembro. Estará começando o ano judaico de 5772.


De acordo com a tradição judaica, Adão e Eva foram criados no primeiro dia do mês de Tishrei, que foi o sexto dia da Criação. É a partir deste mês que o ciclo anual se inicia. Por isso, Rosh Hashaná é celebrado nesta época.

Historicamente, o primeiro Rosh ha Shaná foi numa sexta-feira, o sexto dia da Criação. Neste dia, D'us criou os animais dos campos e das selvas, e todos os animais rastejantes e insetos, e finalmente - o homem. Assim, quando o homem foi criado, encontrou tudo pronto para ele.

Nossos sábios viram nisso a ordem da Criação, como a consideração do bom anfitrião que, antes de convidar um hóspede de honra, coloca a casa em ordem, prepara as lâmpadas mais brilhantes, uma refeição deliciosa, etc., para que seu convidado encontre tudo preparado. Mas também vêem nisto uma profunda lição: se o homem é merecedor, é tratado como um convidado de honra; se não o merece, dizem-lhe: "Não fique orgulhoso de si mesmo; até um inseto foi criado antes de você!"

Em Rosh ha Shaná, após a prece da noite, cumprimentamos todos falando: Leshaná Tová Ticatêv Vetechatêm (“Que sejas inscrito e selado para um ano bom”). Ao proferir isto, é como se pudéssemos ver os três grandes Livros Divinos abertos perante D'us: o Livro dos Justos; o Livro dos Perversos e o Livro dos Medianos - onde é provável que nos encontremos, com nossas boas e más ações quase se equiparando. Apenas uma mitsvá a mais e a balança penderá a nosso favor.

Há doze meses no ano, e há doze Tribos em Israel. Cada mês do ano judaico tem sua Tribo representativa. O mês de Tishrei é o mês da Tribo de Dan. Isto tem um significado simbólico, pois quando Dan nasceu, sua mãe Lea disse: "D'us julgou-me e também atendeu à minha voz." Dan e Din (Yom HaDin, Dia do Julgamento) são ambos derivados da mesma raiz, simbolizando que Tishrei é a época do Julgamento Divino e do perdão. Similarmente, cada mês do calendário judaico tem seu signo no Zodíaco (mazal , em hebraico). O mazal de Tishrei é a Balança. Este é o símbolo do Dia do Julgamento, quando D'us pesa as boas e as más ações do ser humano.


Costumes

Tradicionalmente, na noite do Rosh ha Shaná os judeus vão à sinagoga rezar e ouvir o toque do shofar, uma espécie de berrante feita com chifre de carneiro. O som do shofar anuncia a chegada de um novo ano.

Ao final das orações, as famílias se reúnem em volta de mesas de jantar com diversas comidas típicas da ocasião.

Vários alimentos simbólicos são ingeridos na refeição da primeira noite de Rosh ha Shaná, e um pedido é recitado para cada alimento. Este costume é baseado em um ensinamento talmúdico: "Presságios são significativos; por isso cada pessoa deveria comer no início do ano abóboras, beterrabas, tâmaras e alhos-poró."

Maçã
Mergulhamos uma fatia de maçã doce no mel, recitamos a bênção da fruta (Borê Peri Haêts) e falamos: "Yehi ratson milefanêcha shetechedêsh alênu shaná tová umetucá".
"Possa ser Tua vontade renovar para nós um ano bom e doce ".

Chalot
As chalot servidas em Rosh Hashaná são redondas, símbolo de continuidade e eternidade, como o círculo que não tem começo nem fim; sem ângulos, nem arestas, um pedido para um ano sem conflitos. Costuma-se mergulhar o pão no mel em vez do sal habitual, em todas as refeições desde Rosh Hashaná até o sétimo dia de Sucot.

Mel
O valor numérico da palavra "dvash" (mel) equivale ao valor de "Av Ha'Rachamim" (Pai Misericordioso): assim o mel representa a esperança de que a sentença decretada pelo Supremo Juiz seja amenizada pela Sua compaixão.

Frutas e alimentos especiais
É costume comer carne e vinho doce ou qualquer bebida doce nesta refeição, para ter um ano farto e doce.
Na segunda noite de Rosh Hashaná, imediatamente após o kidush, costuma-se ingerir uma fruta nova, a primeira vez que comeríamos nesta estação, a fim de pronunciarmos a bênção de Shehecheyánu.
Há quem costume recitar uma prece especial (Yehi ratson) antes de ingerir qualquer um dos seguintes alimentos. Conforme o costume Chabad, Yehi ratson só é recitado ao ingerir a maçã com mel.
Os sefaradim colocam no centro da mesa uma cesta (Traskal) contendo diferentes espécies de frutas que contém muitas sementes, para que as boas ações sejam numerosas no ano vindouro além de alimentos especiais entre os quais maçã, alho poró, acelga, tâmara, abóbora ou moranga, feijão roxinho, romã, peixe e cabeça de carneiro (que pode ser substituída por língua de boi ou cabeça de peixe). Antes de ingerir cada um dos nove alimentos recita-se um "Yehi Ratson" especial.

Alho-Poró
"Yehi Ratson milefanêcha sheyicaretu oyvêcha vessoneêcha, vechol mevacshê raatênu".
"Possa ser Tua vontade que sejam exterminados Teus inimigos e Teus oponentes e todos aqueles que querem nosso mal".

Acelga
"Yehi Ratson milefanêcha sheyistalecu oyvecha vessoneêcha, vechol mevacshê raatênu".
"Possa ser Tua vontade que sejam removidos Teus inimigos e Teus oponentes e todos aqueles que querem nosso mal".

Tâmara
Costuma-se ingeri-la para que acabem nossos inimigos (em hebraico, yitámu, parecido com tamar).
"Yehi Ratson milefanêcha sheyitámu oyvecha vessoneêcha, vechol mevacshê raatênu".
"Possa ser Tua vontade que sejam consumidos Teus inimigos e Teus oponentes e todos aqueles que querem nosso mal".

Abóbora, moranga ou cenoura
A palavra "mern", em yidish, pode ser traduzida como "cenoura" e também como "se multipliquem". Por isto comemos cenoura - para que os méritos se multipliquem.
"Yehi Ratson milefanêcha sheticrá rôa guezar dinênu, veyicareú lefanecha zechuyotênu".
"Possa ser Tua vontade que o decreto ruim de nossa sentença seja rasgado em pedaços, e que nossos méritos sejam proclamados perante Ti".

Feijão roxinho
"Yehi Ratson milefanêcha sheyirbu zechuyotênu".
"Possa ser Tua vontade que nossos méritos se multipliquem".
Romã
Costuma-se ingerir em sinal para que aumentem nossos méritos como os caroços da romã. Há uma explicação que a romã possui 613 caroços - o número das mitsvot da Torá.
"Yehi Ratson milefanêcha sheyirbu zechuyotênu carimon".
"Possa ser Tua vontade que nossos méritos cresçam em número como [as sementes] da romã".

Peixe
"Yehi Ratson milefanêcha shenifrê venirbê cadaguim; vetishgach alan beená pekichá".
"Possa ser Tua vontade que nós nos frutifiquemos e nos multipliquemos como peixes; e cuida de nós com olho aberto [atentamente]".

Cabeça de carneiro, língua ou peixe com cabeça
Costuma-se ingerir um destes alimentos para que sejamos cabeça e não cauda:
- de carneiro, para lembrar o mérito do sacrifício de Yitschac que foi substituído por um carneiro.
- de peixe, para que o ser humano se multiplique como os peixes.
"Yehi Ratson milefanêcha shenihyê lerosh velô lezanav".
"Possa ser Tua vontade que sejamos como a cabeça e não como a cauda".

Ingredientes que devem ser evitados
Não se come nada temperado com vinagre em Rosh Hashaná ou raiz forte para não ter um ano amargo. Nozes também não devem ser ingeridas nestes dias. Um dos motivos é porque as nozes provocam pigarro que pode atrapalhar as orações do dia; outro motivo é que o valor numérico da palavra egoz (noz) corresponde ao da palavra chet (pecado) sem o alef.




(Fonte: Beit Chabad)

Veja este vídeo no YouTube:

http://www.youtube.com/watch?v=GWcBn25LR5Y&feature=youtube_gdata_player


Claudia Lins
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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Pôneis Malditos! Rsrsrs













"O sucesso do comercial dos pôneis malditos da Nissan, que teve mais de 3,5 milhões de acessos na internet nos primeiros cinco dias da campanha, parece ter se traduzido em vendas. A Frontier, estrela do comercial, registrou recorde de vendas em agosto. Foram comercializadas 1.488 unidades, 110% mais que no mesmo mês em 2010. O comercial foi ao ar no dia 29 de julho, primeiro na internet e depois na TV". (fonte: Folha de S. Paulo)

Por que a publicidade fez tanto sucesso junto ao público brasileiro? Não há um único e derradeiro motivo, mas podemos especular baseados no entretenimento e na questão de como as imagens na mídia são recebidas e interpretadas. Nas nossas sociedades atuais, a veiculação de bichinhos graciosos e puros começou graças à genialidade de Walt Disney que criou um universo baseado em personagens próprios e em personagens criados a partir dos contos de fadas europeus. O que os caracterizava, trazendo uma assinatura estilística inconfundível do grupo Disney (filmes, TV, parques temáticos, brinquedos, publicidade em geral), era justamente essa fofura pueril, ingênua e inocente que marcou a geração pós-guerra dos Estados Unidos, do ocidente e até mesmo de países asiáticos (há parques Disney em Tóquio e Hong Kong e um está sendo construído em Xangai).

Mas essa hegemonia edulcorada do mundo Disney logo foi sendo quebrada pelos super-heróis publicados pela Marvel, onde havia mais violência e ação adulta, em histórias cercadas de mistérios, tramas e conchavos militares e políticos. Outra rachadura no muro cor-de-rosa foi a divulgação dos mangás pelo ocidente. Esses quadrinhos japoneses tinham aspectos históricos, mitológicos, de ação, de violência, lutas marciais e ... sexo, muito sexo, de todos os tipos e gostos. Mas uma importante vertente que criticou diretamente o mundo Disney foi a série Shrek (desenhos animados de 2001, 2004, 2007 e 2010). Produzida pela Dreamworks, os ogros e bichos pouco tinham de ternura ou gostosura. Eram irascíveis, falastrões, sujos e relaxados. E faziam sexo, muito sexo (não explícito, por suposto).

Claro que os personagens puros e castos de Walt Disney perderam um pouco de território, mas mantiveram seu império e a Disney diversificou seus filmes, serviços e produtos. Há mercado para todos os gostos e demandas, ainda mais no mundo super-segmentado dos quadrinhos, dos games e dos filmes e brinquedos para crianças, adolescentes e adultos.

Mas enfim, qual é segredo do sucesso dos pôneis malditos? Ninguém sabe direito, nem os marqueteiros e os midiáticos, mas podemos elucubrar algumas teorias.

Imagine que o mundo institucional ou corporativo seja uma imensa cocheira. Isso mesmo, a sua empresa, a sua área profissional, a sua instituição como uma vasta cavalariça. Você consegue vislumbrar a imensa variedade equina (por analogia, apenas, claro) disponível? Identifiquemos alguns exemplares:

Há os cavalos de raça, imponentes, fogosos e cheios de si. Alguns são pangarés disfarçados, mas muitos são puro-sangue mesmo.

Há os burros de carga, que levam o trabalho bruto nas costas.

Há os cavalos baio, não muito bons para equitação, e também os cavalos zaino, muito espertos e bem dispostos para tudo.

Há os mangalarga, os pampeiros e os frísios, que contribuem decididamente para o bom andamento dos trabalhos e do ambiente profissional e social mais saudáveis, graças ao seu gênio e simplicidade.

Há os cavalos selvagens, trotando perdidos pelos pastos, aguardando a hora da domesticação ou de saírem definitivamente da cocheira à qual nunca se acostumarão.

Há os asnos, indefectíveis em qualquer lugar, às vezes até com altos títulos e cargos, mas que contribuem decididamente para o atraso do espaço onde estão.

Há as zebras (são da família equídea), uma mistura alegre e pouco ortodoxa que se esparrama pelas savanas empresariais, fugindo assustadas - ou fascinadas - dos leões e outros predadores.

Entre zurros, coices e relinchos dessa bela estrebaria institucional ou corporativa, há também os pôneis. Para que servem essas criaturas? No mundo real, dos cavalos, são uma raça desenvolvida para a criança brincar. No imaginário infantil das histórias, desenhos e cantigas, são a fofurinha, doce e singela ao antigo estilo Disney, que aparecem com musiquinha de fundo, letras alegres e bobas, cores vivas e até dá para sentir o perfume floral dos bichinhos exalando das imagens.

Outro dia escrevi no Facebook que os pôneis malditos me lembravam algumas pessoas. Muita gente curtiu e houve comentários concordando. Tudo bem, mas a quem nos remete as imagens desses animaizinhos tão dóceis, mas que nos deixam atolados? Justamente àquelas pessoas aparentemente tão amáveis, doces, cordatas, até mesmo singelas e puras, mas que nos prejudicam por não ajudar em nada, pelo contrário, por atrapalhar nossos projetos, falhando justamente nos momentos críticos do trabalho. Apareceu lama e barro - que nojinho! - ninguém sai do lugar. Lembrou de alguém que se assemelha à essa descrição? Nesse caso, os pôneis malditos são piores que os cavalos selvagens ou os simplesmente chucros, pois destes se espera muita coisa mas podemos canalizar sua energia e força para trabalhos produtivos. Porém os pôneis nos enganam com a sua tibieza pretensamente positiva. São nefastos, pois com suas boas intenções distorcidas detonam a eficácia e a eficiência do serviço.

Talvez seja por isso que a publicidade da Nissan acertou o alvo e tornou-se viral pela rede mundial de computadores, fez sucesso na TV e alavancou as vendas dos carros. O inconsciente coletivo identificou esses espécimes que se esgueiram pelo imaginário tentando enganar os incautos com suas atitudes pueris e inúteis.

E você, já fez o mapa zoológico do seu nicho ecológico?

Para cantar a letra da música: "Pônei maldito, pônei maldito, venha com a gente atolar! Odeio barro, odeio lama, que nojinho, não vou sair do lugar"!

Serviço: A peça publicitária é criação da Lew Lara\TBWA. Max Geraldo e Cesar Herszkowicz são os criadores e a direção de criação é de Jaques Lewkowicz, Manir Fadel e Mariana Sá. A produtora é a Corporação Fantástica, com direção de cena de Marlon Klug e a trilha da Satélite Áudio.

*Luiz Gonzaga Gogoi Trigo é turismólogo, escritor, pesquisador e professor Titular da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo.

Veja este vídeo no YouTube:

http://www.youtube.com/watch?v=X3yGSJE53kU&feature=youtube_gdata_player


Claudia Lins
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www.luiztrigo.blogspot.com



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