"Liberdade não é a ausencia de compromissos, mas a capacidade de escolher sua tarefa"

terça-feira, 10 de julho de 2012

New York, New York


                                                             Nova York   por   Margarita  Sem Censura

A New York de 2012 é uma cidade mais limpa, mais segura e com uma nova cara motivada pelos prédios construídos nos últimos anos. Lembro-me das primeiras vezes em que vim a NY, quando o centro era um lugar perigoso pelos roubos constantes aos turistas. Mas o Prefeito Giulliani deu um choque de segurança com policiamento ostensivo e conseguiu acabar com a insegurança no centro e diminuiu muito o perigo do Harlem.
No final do século passado a economia americana foi estimulada a um grande investimento urbano com mais construções do que compradores. Apontada como uma das causas da crise econômica dos dias de hoje. É visível o alto número de prédios novos, tanto comerciais como residenciais, que foram e estão sendo construídos. Alguns com uma arquitetura notável, nos mais diferentes pontos da cidade. Sempre muito altos, mais de quarenta andares, contrastam, nos bairros, com a fisionomia antiga dos prédios mais baixos e tijolos vermelhos com escadas de incêndio. Com a falta de compradores as placas de venda e aluguel são vistas com frequência e os preços caíram. A valorização do real facilita aos brasileiros comprar apartamentos, principalmente em Miami onde os preços estão em mais baixos níveis. Lembro-me de fenômeno parecido quando os argentinos compraram meia Camboriú e depois não tinham mais dinheiro para pagar as prestações e tiveram de negociar a devolução com grandes perdas pessoais e lucros para as construtoras catarinenses.
A crise da economia americana traz um paradoxo. A causa principal são os gastos do governo que atingem valores astronômicos. O inicio do endividamento foi no governo Bush, do partido republicano. O presidente Obama, que aumentou ainda mais os gastos com o cumprimento das promessas eleitorais, esta pedindo ao congresso autorização para aumentar o índice do endividamento público. A partida conservadora está pressionando contra. A inflação é um perigo, pois os chineses, que são os maiores investidores em papeis americanos, podem não ter fôlego para continuar comprando os títulos públicos. Como se dizia antigamente, aí a porca torce o rabo.  O resultado será mais inflação. A discussão foi interrompida por uns dias porque um deputado democrata causou grande constrangimento expondo-se sem roupa na internet. Depois de um vacilo teve de renunciar e finalmente o congresso voltou a se reunir. O problema é o mesmo em todos os países. Políticos querendo agradar o povo, desperdícios na máquina pública e todos pagam o imposto da inflação. Não existe fórmula mágica para aumentar os recursos do país sem aumento da produção.
Exemplo desta explosão urbana para o alto é um novo enorme condomínio construído no sul da ilha, perto do memorial das Torres Gêmeas e da prefeitura. Com 903 apartamentos de luxo para alugar, é o maior condomínio do hemisfério. São 76 andares pertencentes à Alliance for Dawntown NY e desenhado pelo arquiteto canadense Frank Gehry. Foi construído com dinheiro privado, sem recursos do governo. Está situada em região muito arborizada, com escolas e hospital, Battery Park City. Foi inaugurado em fevereiro 2011, e é conhecido por New York by Gehry.
Outro exemplo de renovação urbana é a região do Lincoln Center. A construção do conjunto cultural com três grandes salas de espetáculos, teatro, uma escola de arte e outros prédios e fundações foi agora completado com um enorme edifício de escritórios e shopping centerchamado de Time Warner Center. Magnífico na construção e habitado por lojas de marca e restaurantes de luxo.
Esculturas são encontradas em todos os lugares, segundo o estilo marcam a data em que foram feitas. Destaco agora um escultor alemão agora naturalizado americano, Matthias Alfen, que vem tendo seus trabalhos expostos nas ruas e praças. São esculturas grafitadas, meio embaçadas, que dão uma estranha sensação de vida, desamparo e movimento. Fazem parte do que o autor chama de Body Mobiles. Uma delas é a imagem de uma oriental que muito impressionou o autor, e atrai nosso olhar pelo desamparo que expressa. Olha os céus lembrando transcendental madonna, com olhos bem abertos. Outra é o Cowboy Desnudo, com estranho chapéu que desce até os ombros, longos braços e pés desproporcionais, vestido de camiseta e bermuda pretas.

Gastronomia

O morador de NY tem grande facilidade em comprar comidas de alta qualidade e preço razoável. Onde estou, uma zona residencial de padrão alto e médio, com muitos restaurantes, mercados e mercadinhos, encontramos grande variedade de alimentos, de boa qualidade. O meu mercado preferido, o Ágata, fica aberto das 9 da manhã às 9 da noite, inclusive domingos. Aqui trabalhar no sábado e domingo é comum, e as lojas ficam abertas a semana inteira.
O mercado é dividido em secções, onde três ou quatro pessoas preparam os alimentos e atendem os clientes. Na entrada, balcão para consumo rápido no local. Depois, frutas e legumes ao natural, também acondicionados em pequenas caixas de plástico prontas para consumo. Mais adiante, um balcão onde estão expostos vários tipos de carne já prontos, frango, porco, linguiças.
Adiante, pizzas, bolos de legumes, comida japonesa, queijos locais, e muitas iguarias italianas, com molhos para todos os gostos. Sem esquecer peixes, camarões frescos, semi-prontos. E até lagostas e todos os frutos do mar. Bolos e doces feitos na hora, coloridos, macios e deliciosos. Bolachas e salgadinhos. Diversos sucos também. Na saída a loja fornece bolsas de plástico de diversos tamanhos. É muito fácil cozinhar nessas condições. Esquentar a comida e comer em dez minutos, variando todos os dias com alta qualidade. Não é muito barato, mas sai por menos de um terço do que custaria num restaurante médio. Comer melhor é quase impossível, só me lembro de um cruzeiro de sete dias entre o Rio de Janeiro e o nordeste, onde a comida era 70 % italiana e servida à francesa… Com direito a pedir a sobremesa preferida para o dia seguinte.
Em cada quadra tem um mercadinho com comidas ao natural e pacotes diversos, bem como bebidas, porém com preços mais elevados. Normalmente são servidos por estrangeiros, orientais na maioria. Tenho um colega oriental que trabalha 12 horas por dia no fim de semana. Não sei se ele tem a estadia legalizada ou não. É uma pergunta difícil para se fazer.
Os restaurantes estão presentes em toda cidade. Muitos com mesas na rua, num clima de alegria permanente. Conforme a região, tomam a característica do local, assim no bairro chinês, no italiano e assim por diante.
O norte da cidade, Harlem, era habitado por afro-descendentes. Hoje, no Harlem, o leste é habitado por latinos, a maioria porto riquenhos, mais de um milhão na cidade. O lado oeste ainda guarda as raízes afro, com mostras da cultura antiga nos teatros, bares e igrejas com os cultos em gospel.
Nas ruas também encontramos carrinhos com sorvetes, bebidas e sanduíches. Comidas populares presentes nas entradas do Central Parque e centro da cidade. É comum vermos pessoas comendo em pratos transparentes de plástico nos mais diversos lugares. No centro no intervalo do trabalho, no parque e até nos ônibus.
Uma curiosidade interessante é tomar um drinque no bar do Hotel Mariott, na Broadway. A entrada é magnífica o hotel é redondo com um vazio no centro. Uns dez elevadores panorâmicos levam os hospedes e visitantes. No centro do prédio um pequeno prédio de uns cinco andares onde fica o bar no último andar. Um lugar muito grande com lojas laterais, restaurante e bar envidraçado com vista para a iluminação feérica da Broadway. Um happy hour a ser lembrado…