Mostrando do que somos feitos...

Mostrando do que somos feitos…

As vezes nos esquecemos que, por trás de todo o lado comercial, que enfiamos nas datas e ocasiões comemorativas, existe sim sempre uma pequena mensagem a se passar. A Origem dos Guardiões vem resgatar essas singelas mensagens em uma produção com humor para todas as idades e valores realmente importantes para as crianças em um grande sucesso da Dreamwork, digno superar todos seus predecessores.

Em A Origem dos Guardiões, somos apresentados a Jack Frost, personagem folclórico americano que representa o frio e a neve nos países ao norte. Quando o Bicho Papão prepara um plano nefasto para acabar com toda esperança e pureza das crianças do mundo, os Guardiões – Papai Noel, Fada do Dente, Coelho da Páscoa e Sandman – tem que recorrer ao mais novo Guardião, Jack Frost, para ajudá-los na missão de derrotar o “Breu” e proteger as crianças do mundo.

Premissa simples e até um tanto quanto previsível, mas nas entrelinhas e reviravoltas da história é que vemos o valor da película. Dirigida com suavidade e leveza por Peter Ramsey, novato na direção mas experiente em direção de arte. A animação foi adaptada por David Lindsay-Abaire, que antes fez apenas bombas (Robôs, Coração de Tinta), mas agora parece ter acertado ao adaptar o livro de William Joyce. Uma combinação inusitada que tinha tudo para dar errado, mas não deu. Ao invés disso, leveza na história, no visual e principalmente no 3D, que foi o primeiro bom 3D em animação desde seu antecessor distante, Como Treinar Seu Dragão. Abusando de sequências rápidas, nem sempre em primeira pessoa, conseguiu dar profundidade a cenários e cenas de ação, sem parecer uma galhofa total. Parabéns por recobrar um pouquinho da nossa esperança no 3D, senhor Ramsey.

Já do lado do elenco, é algo difícil de se criticar. A distribuidora brasileira faz a sofrível decisão, novamente, de colocar astros famosos no lugar de dubladores profissionais e a dublagem novamente sofre nas mãos de Thiago Fragoso e a quase Gossip Girl Isabelle Drummond. O resto dos dubladores realmente se sobressaem no trabalho. Experientes, reconhecíveis e ótimos intérpretes no quesito dublagem. Acho que a película não fica muito prejudicada, já que o fator visual ajuda muito. Infelizmente, perdemos dublagem de Chris Pine, Alec Baldwin, Jude Law, Isla Fisher, Hugh Jackman e Dakota Goyo (Gigantes de Aço). Fazer o que, né?

O que realmente cativa é que os personagens são novamente bem construídos e bem distribuídos pela trama, dentro de suas caracterizações visuais, suas motivações e seus desenrolares. A história de Jack Frost cativa, como personagem principal. Seu grupo de apoio é ainda mais carismático, afinal de contas, quem não curte um coelho, papai noel e outras criaturas encantadas? Com toques que vão do sombrio, ao místico e passando pelo cômico, temos humor que agrada a todas as idades indistintamente, o que te garante boa diversão se for em grupo ou apenas levando a criançada.

Um conto que discute, principalmente, as motivações pessoais de cada um. Aquilo que nos constitui vem com pano de fundo da jornada do quase amnésico Jack Frost, um personagem que mesmo sem memória de sua vida pregressa – como nos conta na primeira cena – expõe muito bem sua personalidade. Somos lembrados que por traz de todo o lado comercial das datas comemorativas e dos contos de fada, residem sempre boas mensagens para se passar aos pequeninos e, principalmente, o motivo pelo qual passarmos essas mensagens adiante – que não são trocar presentes e encher a barriga apenas.

Ação, comédia, um pouco de drama e bons personagens com uma ótima direção visual, fazem desse um filme IMPERDÍVEL para a família e provavelmente a melhor animação para este Natal para este ano e talvez de alguns dos últimos anos também. Se não forem ver neste final de semana de pré-estréia, programem para ver ainda neste mês de Dezembro A Origem dos Guardiões. Aproveitem o 3D, pois depois só poderão ver esse belíssimo trabalho se tiverem Blu-ray e TV em 3D em casa.