"Liberdade não é a ausencia de compromissos, mas a capacidade de escolher sua tarefa"

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Eu odeio as pessoas...


Eu odeio as pessoas. Ninguém em especial, que fique bem claro! Eu estou aprendendo a odiar qualquer pessoa. É que o ser humano de uma forma geral é detestável. Todos nós agimos por interesses e sentimentos exclusivamente nossos. Não nos importamos com o que as outras pessoas vão pensar a respeito de nossas atitudes, não damos a mínima para o que as outras pessoas sentem por nós. A única coisa com a qual estamos preocupados é a nossa própria felicidade, nosso próprio prazer. Traímos pela busca de novas experiências, e desprezamos os sentimentos daqueles que fizeram tudo por nós. Passamos a perna nos colegas de trabalho em busca de satisfação pessoal, em busca de glória, e não nos preocupamos em valorizar as pessoas que realmente merecem. Deixamos de dar ouvidos a nossos parentes e amigos para defender as idéias que julgamos serem as mais corretas, mesmo que elas passem por cima das vontades de outras pessoas.

Nem mesmo os gestos de caridade são espontâneos. Raramente doamos algo de livre e espontânea vontade; sempre há algum interesse por trás, seja a doação de 5 quilos de alimento para poder conseguir um desconto no show da banda favorita, seja a doação de roupas que esconde um alívio por nos livrarmos daquelas velharias que estavam ocupando espaço no guarda-roupa ou até mesmo a realização de trabalhos voluntários – muitas vezes para preencher currículo ou para pagar promessas individuais. Não adianta, não existe uma boa ação feita de forma espontânea!

Fui educado de forma a sempre pensar nos outros acima de qualquer coisa. Durante toda a minha infância e adolescência eu me preocupava com o que os meus pais pensariam se eu fizesse certas coisas como tomar uma suspensão na escola ou usar drogas. Eu sempre vivi em função das outras pessoas sob uma determinada perspectiva. Sempre tive a preocupação de ter um bom emprego para poder casar, ter a minha casa própria e garantir conforto para mim e a família que eu construísse. Lutei bastante para isso. Dei meu sangue pela minha família e meu emprego. E vi meu casamento ir por água abaixo e minha vida profissional se abalar não por minha culpa (apesar de quererem me fazer acreditar nisso), mas por causa de interesses individuais – de um lado, alguém que tomou uma decisão baseada na busca por sua própria felicidade; de outro, alguém que não quer admitir seus próprios erros e insiste em encontrar um bode expiatório para se sentir melhor. E como sou uma pessoa que não consegue agir dessa forma, impulsionado apenas pelos próprios sentimentos sem se preocupar com as pessoas à sua volta, fico apenas absorvendo a pressão, agüentando tudo calado – e me conformando com o fato de que ninguém além de mim mesmo poderá me ajudar.

O que mais me incomoda é perceber o egoísmo alheio em gestos do cotidiano. É aquele cara que estaciona o carro na vaga para deficientes porque não quer atravessar o estacionamento inteiro do supermercado, é aquela senhora que aproveita o fato de aparentar uma idade avançada (mesmo tendo menos de 60 anos e gozando de boa saúde) para furar a fila do banco, é o idiota que dirige a 10 por hora na faixa da esquerda daquela avenida movimentada porque tem medo de dirigir mais rápido (e danem-se as leis e as outras pessoas que querem usar a faixa da esquerda para aquilo que ela serve, que é andar mais rápido). É a rede de TV que vai fazer a cobertura das tragédias para garantir uma audiência; é o povo que assiste às tragédias para poder ter alguma satisfação na vida (“que bom que eu não estou passando por isso!”). É o traficante que coloca veneno de rato na cocaína para fazer render mais, sem se preocupar com o duplo malefício que está fazendo a outras pessoas; é o viciado que rouba para sustentar seu vício, sua única fonte de prazer na vida ridícula e miserável que leva. É o cara que faz falsas promessas de amor eterno para a namorada só para não ficar sem o prazer do sexo; é a mulher que faz as mesmas promessas para não se sentir a encalhada da turma. É aquela moça que finge estar dormindo para não ter que ficar em pé no ônibus lotado, mesmo sabendo que está ocupando um assento preferencial – e danem-se os idosos que estiverem em pé. É a empregada que comete pequenos furtos para se sentir mais esperta que a patroa.

Eu odeio as pessoas. E gostaria muito, muito mesmo de não ter que depender delas.



NOTA: O texto não é meu, mas expressa exatamente o que eu sinto agora!



MATANZA - EU NÃO GOSTO DE NINGUÉM

Não me faça nenhum favor, não espere nada de mim, não me fale seja o que for. Sinto muito que seja assim. Como se fizesse diferença o que você acha ruim. Como se eu tivesse prometido alguma coisa pra você. Eu nunca disse que faria o que é direito, não se conserta o que já nasce com defeito. Não tem jeito, não há nada a se fazer. Mesmo que eu pudesse controlar a minha raiva, mesmo que eu quisesse conviver com a minha dor, nada sairia do lugar que já estava, não seria nada diferente do que sou. Não quero que me veja, não quero que me chame, não quero que me diga, não quero que reclame. Eu espero que você entenda bem: eu não gosto de ninguém. ♪








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